Em que resulta a ausência do Estado nas comunidades?
O Estado nasceu com uma função social integradora. Na busca desesperada de segurança e de paz, consolidou-se o Estado de Direito e firmou-se um contrato social aos moldes Russonianos. Como afirma Norbert Elias, o Estado foi fruto de um processo civilizador onde imperou a força do moinho satânico da revolução industrial. No entanto, algumas pessoas foram deixadas a margem nesse processo civilizador.
Zaluar nos demonstra que a história das Favelas é uma história de abandono e ausência do Estado e de políticas sociais nas áreas onde as mesmas se desenvolveram. O Estado só entrava ali vislumbrando a comunidade como um inimigo potencial, através de práticas policias discriminatórias e muitas vezes genocidas.
O Tráfico e as Milícias encontraram nestas comunidades campo fértil ante a ausência e o abandono daquela população pelo Estado e pela sociedade civil ou, pela população do asfalto. A política de segurança pública baseada no "Caverão" é genocida e não corresponde ao problema da violência.
No imaginário coletivo ainda predomina a visão esteriotipada e preconceituosa das comunidades. A mesma visão estigmatizadora que associa pobreza à violência, que confunde marginalizados com marginais. O império do medo é cotidianamente utilizado como fonte de renda. A tragédia e o crime vendem jornais, mantém governos, práticas de "segurança", indústrias bélicas, corrupções de toda ordem e discursos políticos eleitoreiros... A guerra ao tráfico legitima a violência institucional e o desrespeito à cidadania.
Nosso medo não corresponde a realidade. Segundo Alvito, cerca de apenas 6% das populações das favelas tem alguma relação com o tráfico, logo, desrespeitamos todos os dias no Rio de Janeiro os direitos civis de 97% de cidadãos moradores das comunidades.
Gilberto Velho nos fala das dimensões geográficas do abandono social no Brasil. As comunidades são carentes da figura do Estado no que diz respeito aos direitos básicos e as políticas públicas, mas também dos serviços e direitos relativos ao desenvolvimento do próprio moinho satânico de que se referiu Elias.
O resultado da ausência do Estado é a implementação de um Estado paralelo, seja através do tráfico, seja através das milícias.
Um quadro grave, que precisa ser discutido com urgência.
A reportagem a seguir encerra a minha fala. Deixo que um traficante termine falando por mim...
É hora de refletirmos!!!!!
(Andréa Wollmann)
Mostrando postagens com marcador conexões urbanas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador conexões urbanas. Mostrar todas as postagens
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Alternativas a política de segurança de extermínio.
Por uma nova Polícia, por um resgate da discussão sobre segurança pública no Rio de Janeiro.
Parabéns ao Conexões Urbanas pelo trabalho desenvolvido nesta reportagem!
.
Parabéns ao Conexões Urbanas pelo trabalho desenvolvido nesta reportagem!
.
Marcadores:
conexões urbanas,
Política de segurança pública,
vídeo,
violência
Assinar:
Postagens (Atom)