quinta-feira, 23 de julho de 2009

Por que temos medo da felicidade?


Passamos a vida em busca de algo que já existe, está em nós, em tudo que nos cerca e mesmo assim, nos sentimos frustrados por nunca encontrarmos a plena felicidade. Basta observarmos o mundo e veremos que cada um a sua forma busca encontrar este tesouro perpétuo. Um cálice sagrado de onde só transbordará leite e mel, tesouros e alegrias. Certa vez, alguém no meu passado distante me alertou: não existe felicidade, existem momentos felizes... Quis crucificá-lo! Como ousara descrer do objeto de minha busca mais sagrada? Por que as pessoas têm medo da felicidade?
Hoje, trocamos de valores como trocamos de roupa, com a mesma facilidade com que mudamos o canal de TV. Felicidade pode ter inúmeros significados, é como uma camisa de Lycra que veste a todos, mas a cada um de uma forma especial. Para alguns ela é amor, para outros paixão, outros ainda, sexo sem compromisso (que eles denominam liberdade...), alguns a atribuem à família, ao êxito no trabalho, à saúde, à fartura... Os avarentos atribuem felicidade ao acúmulo material. Os carentes, a imensa lista de amigos no celular. E vamos cada um de nós buscando concretizar a dita cuja: Felicidade.
Porém, incontável é o número de pessoas infelizes, frustradas na busca incessante deste objetivo comum. Engraçado como um objetivo comum não consegue ser perseguido senão de forma individual. Queremos algo que deve ser compartilhado, mas de maneira diversa, voluntariosa, queremos a nós, unicamente, o gozo deste prazer. E se a felicidade é algo difícil se buscada de forma solitária, que dirá se a colocarmos nos ombros de outra pessoa, que voluntariosa como nós poderá partir a qualquer minuto levando consigo nossa felicidade. Será por isso que não nos entregamos ao outro nesta busca? Será por isso que resistimos ao amor, a paixão, ao carinho, à cumplicidade?
Quantos homens e mulheres encontramos (e encontraremos) na vida que se queixaram da solidão da procura, mas que, no primeiro contato com a possibilidade de momentos felizes, fogem do outro qual coelhos assustados. Quantos famintos pela vida, sem vida, jazem depressivos, sem notar que estão vivos?! Quantos românticos há que só sabem falar sobre a arte de amar, mas são incapazes de fundir-se ao outro, de entregar-se ao desvario de seus sonhos mais secretos. Pobres loucos que fogem assustados da felicidade com tanta violência quanto a buscam. Fogem do outro com tanta pressa quanto o encontram. É que para muitos, a felicidade não está em encontrar o sagrado Graal, em possuí-lo, detê-lo, mas sim na constante aventura de buscá-lo, na incessante procura que não lhes dá paz de espírito.
Desacostumado da paz, o homem busca a guerra. Sem coragem para o amor, busca o ressentimento. Desorientado na paixão, busca a frieza de relações tão passageiras quanto uma noite de verão. Infeliz em não saber o que busca, foge como criança assustada quando encontra. Para que serviria o gral quando o encontrássemos? Como nos sentiríamos frustrados em saber que a Felicidade era algo tão simples, que sempre esteve ali, do nosso lado, em nós e por nós?
Não, melhor que a conjugação eterna de momentos felizes é a frustrada busca da felicidade eterna. E seguimos nessa procura, qual cegos, desorientados por nossa bússola de medos num mar de sonhos, deixando para trás terras paradisíacas, ilhas mágicas, momentos eternos, pessoas inesquecíveis, um mar de gente que abandonamos e magoamos pelo caminho em nossa busca sagrada. Pessoas que ousaram tentar frear nossa busca e nos fazer feliz (a isso muitas vezes reagimos como se estas quisessem nos aprisionar). No dia que descortinarmos o desconhecido, descobriremos enfim, que a felicidade está em nós, está ao nosso alcance, ao nosso redor e no outro. Talvez ao final da busca, olhemos para nosso lado e encontremos o Graal, ai entenderemos que a felicidade deriva do verbo amar e que não se pode ser feliz sem amar a si e sem amar ao outro. Como no Pequeno Príncipe, aprenderemos com a raposa que "somente com o coração podemos ver com clareza... o essencial é invisível para os olhos".
(Andréa Wollmann)

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei muito deste poema, acho que está certa em tudo, por isso não tenho medo de arriscar e ser feliz, a vida é só uma e tem muito pouco tempo que aprendi a viver e dar valor ao que realmente deve ser dado.

Obs.: Bela foto de Mambucaba ! :)

Bjus linda, TE AMO.

Mário Augusto.