segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Porque ficamos tanto tempo fora do ar??

Talvez me perguntem porque fiquei tanto tempo sem nenhuma postagem neste blog? A resposta não é tão simples, muito embora, fosse fácil argumentar que em razão da minha saúde, do tempo que dediquei ao Doutorado e assuntos de outra ordem, o Blog  Cátedra Livre de Arte e Direito Clarice Lispector ficou sem alterações e mesmo publicações.
Mas de fato, não foi só isso. Percebia a algum tempo o perigo dos tempos que se aproximavam e como sou mãe e tinha filho que dependia de mim, acabei me ausentando. Também fiquei um tempo sem conseguir dizer lé com cré sem ter uma crise de ansiedade o que não me proporcionava capacidade cognitiva para escrita. Ainda estou doente, sofro de um excesso de saberes em um mundo que mergulha agora na obscuridade com uma velocidade incalculável. Adoeci e me mantive a margem observando o mundo que me cerca e refletindo sobre o que vi.
Percebo que já é hora de retomar o caminho da escrita e usar esta ferramenta virtual de uma forma atuante na disseminação de assuntos, conhecimento, temas relevantes à cidadania, aos Direitos Humanos, da defesa da cultura, da arte, do conhecimento como meios aptos a proporcionar ao leitor uma visão de mundo comprometida com os preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, a liberdade, a igualdade, a solidariedade, a fraternidade e a ausência de qualquer tipo de discriminação ou mesmo de preconceito.
Este dever cívico é um chamamento ao qual não posso me furtar diante da realidade social e histórica que estou vivenciando. Nunca imaginei que muitas das minhas perguntas não respondidas durante meu processo de formação acadêmica e mesmo nos anos de advocacia e sala de aula viriam a ser respondidos durante a minha vida na experiência prática como está acontecendo neste exato momento. Em meio a este bombardeamento de realidade violentando a cidadania no Brasil não posso me calar, mesmo que a denúncia seja recebida como terrorista ou subversiva. Não posso calar!
Vejo este canal, portanto, como um aliado para que eu possa deixar descrita a percepção de tudo que tenho vivido, experimentado e mesmo documentado para que, ao lado dos achismos que se multiplicaram por ai, existam também relatos comprometidos com princípios de humanidade, civilidade, urbanidade, fraternidade e direitos que sobrevivam a esta fase de caça as bruxas que estamos vivenciando.
Não tenho a ilusão de que com isso poderia salvar o mundo ou reverter este processo. Mas quero deixar aqui registrado outra forma de ver, um olhar que parte de uma postura não imparcial, mas totalmente parcial, defendendo as bruxas e não a fogueira, se me permitem a figura de linguagem.
Minhas bruxas hoje não são feias ou tem verrugas, nem são lindas e sedutoras como as descritas no Manual do Inquisidor. As bruxas de hoje podem ser eu ou você que está lendo este texto. Qualquer de nós pode ser considerado hoje um agente que precisa ser assassinado em nome de uma ordem que de humana só tem os defeitos; o ódio, o medo, a ganância, a cobiça, a indiferença, o egoísmo, a sanha de poder a qualquer preço.

Nesse momento histórico, não acredito que os artigos científicos naquele formato acadêmico sejam as armas mais úteis pela memória das vítimas deste novo holocausto que se aproxima.

Isso não desqualifica de nenhuma maneira o que dizem ou seu método, ao contrário, o conhecimento científico é de suma importância também. Apenas decidi que, neste espaço, vou usar mais da informalidade e menos da forma de apresentação das idéias. Minha arma será o texto e a crônica, a imagem, a poesia, a arte e, no campo acadêmico, a fala dentro do padrão e normas da ABNT.
Este site não tem o intuito de agradar a quem quer que seja, mas de fomentar a discussão e tomada de posição para além da academia. Quero falar a quem interessar possa... Quero falar sem ter que me preocupar em fundamentar cada linha do que digo, mas conduzida por um perfil ético norteado por princípios e leituras que venho acumulando, sem plágios, sem psicografias de idéias alheias como próprias, dando o devido credito a quem de direito, mas sem deixar de dizer o que quero dizer.
Este espaço estará aberto a quem quiser colaborar dentro dos princípios que até aqui declarei, na defesa do indivíduo que é a pessoa mais frágil diante dos acontecimentos que estamos vivenciando.
Escrevo para as gerações presentes e futuras. Escrevo por minha consciência e responsabilidade cívica ante ao retrocesso da história. E que ela me ajude a manter a sanidade enquanto vivo e registro tudo isso.
Sejam bem vindos ao caos!

Andréa Madalena Wollmann




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