terça-feira, 4 de maio de 2010

A construção do amor.


Quando olhamos ao longe as formações rochosas que formam a apaisagem junto ao mar, num casamento harmonioso, pensamos em um dueto perfeito, onde o mar bravio nos encanta e o rochedo nos remete a idéia de segurança. Um grande rochedo, imponente, forte, impressiona por sua solidez não é?

Porém a nobre rocha não apareceu simplesmente na natureza, é o resultado de anos e anos de acúmulos, de pedaços e pedaços de pequenas conchinhas do mar. Conchinha à conchinha, pacientemente a mãe natureza foi moldando a paisagem. Conchinha à conchinha pequenina, alguns mariscos e as ondas, num valsar formaram a grande e imponente montanha. O rochedo forte que vemos é formado por mil nadas de uma fragilidade imensa, mas que acumulados, formaram a sólida estrutura...

O amor pode ser comparado ao rochedo. Amores fortes, imponentes, sólidos também nascem de pequenas conchinhas... de mil nadas...

Pequenas atenções, gestos, carícias, sussurros vão se somando enquanto os dias vão passando. O bater de um coração que acelera sem entermos por que, que queima no peito com uma lembrança. A luz dos olhos do outro refletida em nós. O tom da voz em FM, garantindo a suavidade da melodia. A sensibilidade da pele...as carícias, a ternura, a atenção... dia à dia, cada uma dessas conchinhas vai formando um rochedo de segurança, solidificando o amor, sem que possamos notar.

Todos queremos um amor sólido, seguro, mas não percebemos que ele é resultado do tempo e do trabalho, da união destas conchinhas... Como as conchas servem de base a rochedo, também os dias perfeitos que vão passando e se somando, são a base do sólido amor. O trabalho árduo superando as dificuldades vai sedimentando esse pequenos pedaços de vida, no amparo e no cuidado, no carinho e na compreensão dos amantes. Os desentendimentos e a falta de sensibilidade vão formando pequenas rachaduras que podem se limitar aos detalhes da rocha, ou levá-la à ruína. Principalmente se multiplicadas por nossa isegurança, por nossa falta de fé, por nossa grosseria, pela impaciência e pela cólera. As palavras amargas são ácido que corróem a montanha do amor. O egoísmo e a falta de humildade também.

Dia à dia, de concha em concha vamos construído ou destruíndo, solidificando ou enfraquecendo a estrutura do sentimento que buscamos.
Construir ou não, eis a questão? O que estamos acumulando, o que buscamos? O que queremos?

O que quero hoje é começar a juntar as minhas conchinhas...  dia à dia feliz... construindo o futuro. Um dia, o que parece um sonho de amor hoje, será uma linda paisagem real. Veremos uma rocha beirando o mar, firme e sólida, onde poderemos repousar com segurança os alicerces de uma construção que nem o tempo, nem as tempestades poderão derrubar.



(Andréa Wollmann - abril/2010)

Um comentário:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

É preciso sabedoria pra enxergar no que se vê, aquilo que se não vê...

Saudades das belas postagens de cá...

;)