quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Retrospectiva 2009....
Eram 40 minutos do dia primeiro de mais um ano.
Ela ouviu todos os fogos, mas não saiu. Ficou remexendo as gavetas do passado, vendo as fotos,
sentindo certa nostalgia, ao mesmo tempo que lembrava de momentos dolorosos. Vitórias e dores....
No balancete do ano que findara, mais alegrias, finalmente! Ou será que nos seus 37 anos nunca se dera conta disso?
Abriu um champagne à meia noite, mesmo, só. Certos rituais são necessários.
Algumas lágrimas brindavam-na nesta noite, mesmo que ela não entendesse bem porque...
O ano acabara, outro começava, mas a vida parecia continuar sem interrupções.
Como aproveitar a garganta embargada? Como gravar as lágrimas que caiam, como entender o que sentia???
Cheia de interrogações, decidiu entrar o ano só. Sim, decidiu. Poderia ter aceitado qualquer convite, mas não queria um convite qualquer... Decidiu escrever... Há tempos isso era um prazer e um estímulo. Uma fuga e um auto-retrato...
Decidiu escrever, descrever o que nem nesmo sabia...
Linhas e linhas desconexas de uma verdade que foi aparecendo, como as lágrimas da escritora...
Era preciso reconhecer: sobreviveu!!!
Era preciso agradecer: viveu! E muito!!!!
Foi feliz, mesmo diante das dificuldades... foi humana, falível, vitoriosa!
Tantas viagens em um ano, quantos amores tentados, tantos outros nem percebidos. Quantos amigos que não mais verá, quantos outros, eternos.
Queria estar numa praia, mas a noite, que parecia chuvosa, à traiu. Outras noites virão e a praia lá estará... por certo.
Lembrou que abriu a champagne e à bebeu desde a meia noite... mas não queria se embriagar... ou queria? Por certo meia garrrafa em meia hora não faria mal...
A vida embriaga mais... vem em ondas, de prazer, de trabalho, de desespero, desesperança, fé e novas esperanças... Vida! Sempre vida....
Leu as mensagens de seus conhecidos, viu as fotos do ano... refletiu... Impressionante! Nada concluiu senão a confusão de sentimentos que quiz expressar, mas não pode.
Buscou uma mensagem no Evangelho. Caiu: o Homem de bem, o exemplo de Deus. Amar os inimigos...
E perguntou-se: até quando? Quanto errei??? Em que acertei???
Um balanço ainda impossível...
Qual a diferença entre ser bom e estúpido? Até onde estamos sendo bons, ou sendo imbecís... e foi pensando, remexendo as gavetas da casa vazia, sabendo que a vida valeu a pena. Que se existem lágrimas, é porque existiram bons momentos...
Por que amou, porque se deixou amar...
POR QUE FOI, AINDA É E SEMPRE SERÁ: HUMANA!
(Andréa Wollmann, 2010)
.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
E já cantávamos isso em 1989...
Tribos e Tribunais
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger"Todo dia a gente inventa uma alegria
A gente esquenta a água fria
E ignora a bola fora
Toda hora a gente dá um desconto
A gente faz de conta
Mas chega a um ponto em que ninguém mais quer saber
Crimes passionais
Profissionais liberais demais
Segredos de estado
Centroavante recuado
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Tem muita gente se queimando na fogueira
E muito pouca gente se dando muito bem(2x)
Agente secreto
Agente imobiliário
Gente como a gente
Presidente e operário
Empresas estatais
Estátuas de generais
Heróis de guerra
Guerra pela paz
Hindus, industriais
Tribos e tribunais
Pessoas que nunca aparecem
Ou aparecem demais
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Tem muita gente se queimando na fogueira
E muito pouca gente se dando muito bem(2x)
Críticos da arte
Arte pela arte
Pink Floyd sem Roger Waters (Welcome To The Machine)
Formas sem função
Fascistas de direita
Fascistas de esquerda
Empresas sem fins lucrativos
Empresas que lucram demais
E todo dia a gente inventa e fantasia
A gente tenta todo dia
Feitos cegos
Egos em agonia
Isso não me cheira nada bem
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem, não, não
Todo dia, todo dia."
Um vídeo sugerido no orkut do amigo Michel Weber. Tinha que postar aqui...
.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Para pensarmos...
O desrespeito aos direitos humanos, acontece todos os dias, em todos os lugares, inclusive aqui.
Até quando ficaremos inertes???
Faça um movimento pela paz.
.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A limitação criativa do homem e os controles coercitivos... debate Foucalt versus Chomsky
.
domingo, 29 de novembro de 2009
Falta ao Brasil competência e não auto-estima.
Uma entrevista dada em 2005, mas cujo tema parece interessante refletir. Por este motivo, ai vai na íntegra e com a fonte do texto ao final. "Roberto Shinyashiki |
burros motivados" |
combate a supervalorização da aparência e diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima |
Camilo Vannuchi |
Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”
ISTOÉ – Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki – Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa
de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,
viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso
é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que
não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão
de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que
não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida,
e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
ISTOÉ – O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki – Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTOÉ – Qual o resultado disso?
Shinyashiki – Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
ISTOÉ – Por quê?
Shinyashiki – O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTOÉ – Há um script estabelecido?
Shinyashiki – Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente
de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos
respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de
cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.” É exatamente o que o chefe
quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado
ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma
forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?
ISTOÉ – Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki – Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
Shinyashiki – Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
ISTOÉ – Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki – Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.” Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTOÉ – O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki – Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTOÉ – É comum colocar a culpa nos outros?
Shinyashiki – Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta
é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder. Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.
ISTOÉ – Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki – Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.
ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki – O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
| "O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta. |
ISTOÉ – Muitas pessoas têm buscado
sonhos que não são seus?
Shinyashiki – A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.” Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.
ISTOÉ – O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma
parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?
Shinyashiki – Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um
hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora
da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis. Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para
o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza
e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos."
• Roberto Shinyashiki, 53 anos,
é psiquiatra e psicoterapeuta
• Já vendeu 6,5 milhões de
exemplares de livros como Amar
pode dar certo e O sucesso é ser feliz
• Presidente da Editora Gente, concluiu doutorado em administração de empresas na USP
• Católico praticante, freqüenta templos budistas e admira mestres da Índia como Osho, Sai Baba e Ramesh
• Apaixonado por guitarra, apresenta-se uma vez por mês com o grupo Dinossauros Rock Band em um
bar paulistano
fonte:http://www.terra.com.br/istoe/1879/1879_vermelhas_01.htm
.
Desatinos hermenêuticos 2
Dentro dos desartinos hermnêuticos que propus, diga o leitor o que consegue compreender da fala dessa moça?
O problema hermenêutico está no emissor ou no intérprete?
Hein????
.
sábado, 28 de novembro de 2009
Sétimo Ensaio
O Estado nasceu com uma função social integradora. Na busca desesperada de segurança e de paz, consolidou-se o Estado de Direito e firmou-se um contrato social aos moldes Russonianos. Como afirma Norbert Elias, o Estado foi fruto de um processo civilizador onde imperou a força do moinho satânico da revolução industrial. No entanto, algumas pessoas foram deixadas a margem nesse processo civilizador.
Zaluar nos demonstra que a história das Favelas é uma história de abandono e ausência do Estado e de políticas sociais nas áreas onde as mesmas se desenvolveram. O Estado só entrava ali vislumbrando a comunidade como um inimigo potencial, através de práticas policias discriminatórias e muitas vezes genocidas.
O Tráfico e as Milícias encontraram nestas comunidades campo fértil ante a ausência e o abandono daquela população pelo Estado e pela sociedade civil ou, pela população do asfalto. A política de segurança pública baseada no "Caverão" é genocida e não corresponde ao problema da violência.
No imaginário coletivo ainda predomina a visão esteriotipada e preconceituosa das comunidades. A mesma visão estigmatizadora que associa pobreza à violência, que confunde marginalizados com marginais. O império do medo é cotidianamente utilizado como fonte de renda. A tragédia e o crime vendem jornais, mantém governos, práticas de "segurança", indústrias bélicas, corrupções de toda ordem e discursos políticos eleitoreiros... A guerra ao tráfico legitima a violência institucional e o desrespeito à cidadania.
Nosso medo não corresponde a realidade. Segundo Alvito, cerca de apenas 6% das populações das favelas tem alguma relação com o tráfico, logo, desrespeitamos todos os dias no Rio de Janeiro os direitos civis de 97% de cidadãos moradores das comunidades.
Gilberto Velho nos fala das dimensões geográficas do abandono social no Brasil. As comunidades são carentes da figura do Estado no que diz respeito aos direitos básicos e as políticas públicas, mas também dos serviços e direitos relativos ao desenvolvimento do próprio moinho satânico de que se referiu Elias.
O resultado da ausência do Estado é a implementação de um Estado paralelo, seja através do tráfico, seja através das milícias.
Um quadro grave, que precisa ser discutido com urgência.
A reportagem a seguir encerra a minha fala. Deixo que um traficante termine falando por mim...
É hora de refletirmos!!!!!
(Andréa Wollmann)
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Alternativas a política de segurança de extermínio.
Parabéns ao Conexões Urbanas pelo trabalho desenvolvido nesta reportagem!
.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Violência no Brasil
http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/11/26/pai-chama-pm-para-conter-filho-drogado-rapaz-morto-com-12-tiros-em-belo-horizonte-914930939.asp
E vc? que pensa????
.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Móveis Coloniais de Acajú!!
Tai...
O nome, me pareceu estranho...
Estranha também a sensação que percorre quem participa do show dessa banda.
Uma galera pra lá de inteligente e animada de Brasília, que levantou o Circo Voador preparando a entrada do Teatro Mágico na última sexta.
Euzinha estava lá e não acreditei no que vi.
Sim, meninos eu vi...
E que bom que vi, ouvi, dancei, pulei e curti.
Uma banda de qualidade, livre, com musicas na web pra baixar... vivas! vivas a arte brasileira!
o site da banda é esse:
http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/complete/index.php#div3
...
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Desatinos Hermenêuticos
A verdade é que se não fossem certos princípios penais como por exemplo o da tipicidade, da necessidade clara da descrição da conduta típica anti-jurídica, as leis penais ficariam a mercê de nossa compreensão apurada. O problema da lei está na interpretação daqueles que a ela pretendem dar sentido concreto. Gostemos ou não, os princípios penais e as garantias constitucionais nos garantem ao arbítrio do Estado e de seus aplicadores, ou pelo menos, devia garantir.
Lembro de um professor de direito que me ensinou que tudo é permitido, salvo vedação expressa em lei.
Será?
Vejamos, por exemplo, o art. 260 do CP in verbis:
" Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação;
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Desastre ferroviário
§ 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo."
O texto pode acabar ficando assim na aplicação prática de algum douto hermenêuta:
O pior é que isso não é uma piada!!!!
Agora vamos a tentativa hermenêutica de justificação do desatino. Responda se puder:
1) a lei (art. 260 CP) autoriza essa interpretação ampliativa pois:
a) transar na via férrea impede ou perturba o serviço da estrada de férro.
b) transar na linha férrea deve ser incômodo
c) transar na linha férrea danifica, desestrutura, destrói, material rodante ou de tração
d) transar na linha férrea transmite falso aviso de movimento
e) transar na linha férrea embaraça o funcionamento ou interrompe (o que mesmo?)
f) transar na linha férrea resulta desastre (afinal pode ser que disso surja uma gravidez!, kkkk)
g) nenhuma resposta acima ou abaixo.
h) transar na linha férrea causa desastre.
Se responder "g": diga qual seria uma resposta adequada.
Boa intepretação pessoal!!!
.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Sexto Ensaio
sexta-feira, 13 de Novembro de 2009
Discursos, métodos, metodologias e implementações teóricas: a frieza da alma na ausência do coração.
O amor está barrado na academia. A violência com seus dados bárbaros, sim, esta pode entrar. Podemos teorizar a cerca da barbárie, mas o amor, ah, o amor, este não tem lugar no campo teórico. Este, pensava eu, é o problema do pensamento científico. Eivado de razão, esqueceu os sentimentos. Perdeu o sentido. Para contrapor os dogmas da fé, perdeu-se em novos dogmas de verdade científica.
Que ciência é esta que mede os sentimentos? Impossível ciência.
Entretanto, para minha felicidade, novos apelos acadêmicos surgiram e achei: sim, eis o caminho, redescobrimos o amor como ferramenta de alteridade, como possibilidade de reverter o processo de lobotomia moderno a que nos submetemos! Há aqueles que housam teorizar sobre o amor, mesmo correndo o risco de ser contestado em suas terias e métodos! Vivas!
Porém, ledo engano. Velhas idéias borradas com novas tintas metodológicas ainda vazias de sentimento nada podem mudar.
Não. Não há como teorizar sobre o amor. É preciso sentir, vibrar, pulsar latente o coração que ama.
O amor em si mesmo, como mero objeto de análise romântica, não significa nada senão um discurso político-ideológico de muitos acadêmicos, mestres e doutores do saber, que com sua vaidade crêem ter encontrado o Santo Graal. Arriscam indicar metodologias alternativas, novas implementações teóricas sobre o amor e a necessidade de alteridade, de mudança, de respeito, de diversidade. Novas concepções sobre o amor, a sensibilidade, a humanidade e seus direitos “humanos”.
Brados por novos espaços de sensibilidade se abrem, como se nós, pobres e falíveis mortais, pudessemos ensinar ao outro e nos abrir através de seu discurso de sensibilidade. Sim, porque esta construção teórica acaba parando nas mãos e no nome deste ou daquele pensador que nos fala a alma que, repleta de sonhos e desespero ante a frieza metodológica das relações do cotidiano, anceia novas possibilidades que permitam o retorno a nossa criança íntima. Ele nos fala do nosso desconhecido, do nosso obscuro desejo de felicidade.
Como uma harpa encantada, ecoa cânticos que nos embriagam a alma e nos deixam apaixonados por suas teorias sobre o amor e a alegria. Teórico e teoria se confundem em nossos sentidos ainda dormentes agora despertos mas ainda embriagados pela melodia. Eis nosso ledo engano.
Ao nos abrirmos ao encantamento embriagante do vinho amoroso que nos serve imaginamos que o anfitrião é alguém também repleto de sensibilidade e amor. Esquecemo-nos de nossa condição humana e falha. Nos abrimos ao amor e esperamos ser amados. Buscamos a alegria contagiante do encontro mágico amoroso proposto.
Mas o amor não está nas belas palavras. Está na real capacidade de sensibilidade e solidariedade com o outro. Está nas ações que não necessitam ser teorizadas nem descritas. Está no que se sente mas também no que se faz.
Na ausência de alma teórica, o homem velho que habita em nós ainda banha a nova teoria, mesmo que pintada em lindas e coloridas cores e matizes. O encanto do velho mago se desfaz nas suas atitudes e nos deixa nus diante da indiferença científica. A frieza da alma na ausência do coração nas práticas do dia a dia vem a tona como um banho frio que nos acorda para a realidade. Tristeza nos percorre neste instante.
Mas nada está perdido. Eis que mesmo assim, avançamos. Embora ainda estejamos envolvidos pelo frio científico coração em nossas percepções, assim como o velho mago, somos agora homens melhores que antes, mais conscientes da verdadeira necessidade de amar. Despertamos para o fato de que o amor e o respeito a alteridade não são apenas elementos teóricos a serem defendidos em belas teses e discursos do dever ser. Precisam ser uma construção de ações e relações humanas na implementação concreta de um novo dia. Mesmo falhando na implementação, já reconhecemos o caminho e diante desta nova cartografia, quem sabe cheguemos um dia a encontrar nossa Ilha desconhecida.
O homem velho ainda habita em nós, mas podemos sempre, aperfeiçoá-lo amoravelmente. Necessária é a presença do coração e o aquecimento da alma nas ações que construirão e manterão as relações amorosas de que tanto necessitamos.
Andréa Wollmann
Texto postado originalmente em:
http://razoar.blogspot.com/2009/11/discursos-metodos-metodologias-e.html
.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
O Movimento estudantil ainda luta... contra a discriminação e o preconceito!
Também existe um manifesto sobre o assunto na page do Prof. Alexandre da Rosa que vale a pena ser conferido: http://alexandremoraisdarosa.blogspot.com/2009/11/uniban-e-violencia.html#links
Também ver o blog: http://autonomiadasmulheres.blogspot.com/
.
IX Seminário de Direito Constitucional
Divulgando o convite que me foi repassado por minha querida amiga Regina Quaresma.
Um evento digno de destaque.
Ingressos a cada palestra são 1 lata de leite em pó.
Esterei presidindo a mesa da tarde no dia 24/11.
Participem!
.
O que fizemos de nossos índios?
Visitando as Missões, uma emoção nos percorre as veias... a lembrança de Sepé dizendo que "esta terra têm dono" nos percorre...
Mas se observarmos a história transformada em maquete para mostrar como éram os povos missioneiros não nos daremos conta da realidade que nos cerca...
Que fizemos de nossos índios? Nem cidadãos, nem um povo... nem uma cultura... nem branco, nem índio... nunca incluído, nem mesmo nas estatísticas oficiais...
Que fizemos de nossos índios?
Texto e foto originalmente postado em: http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73749979
Neste lugar está nascendo o surrealismo mágico segundo Warat.
Foto de Andréa Wollmann postada originariamente em : http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73752794
.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A Lua Chora sobre as Missões Guaranis
Na passagem do surrealismo pelas ruínas Missioneiras, a Lua chorou sobre as Missões...
Um choro silencioso que falava à alma, falava de Sepé Tiarajú, de um povo que um dia habitou aquele espaço e que mesmo após ser dizimado, continua a dizer: esta terra tem dono...
Nos pergunta a Lua: que fizeram de nossos índios?
(texto e foto de Andréa Wollmann - www.catedralivreartedireitoclaricelispect.blogspot.com)
Texto originalmente postado em : http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73905152
.
Que fizemos de nossos índios?
Em um texto de Débora Urquieta observa-se a denuncia da situação dos índios no Perú, ela refere:"todos son cidadanos... pero los indígenas no¨.
O mesmo pode-se ver no Brasil, na América Latina...
Nossos irmãos não são nem cidadãos, nem uma parte integrante das estatísticas... ficam a mercê de classificações, de instrumentos legais, de nossa indiferença, de nossa falta de sensibilidade.
Mas eles resistem!
Como na música de Caetano Veloso:
"um índio descerá de uma estrela colorida brilhante
de uma estrela que virá numa velocidade estonteante
e pousará no coraçao do hemisfério sul
na américa num claro instante
depois de exterminada a uma naçao indígena
e o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
mais avançada que a mais avançada
das mais avançadas tecnologias
virá impávido que nem Muhamed Ali
virá que eu vi
apaixonadamente como Peri
vira que eu vi
tranquilo e infalível como Bruce Lee
virá que eu vi
o axé do afoxé, filhos de Gandhi
virá
um índio preservado em pleno corpo físico".
(texto de Andréa Wollmann e Leopoldo Fidyka)
(foto de Andréa Wollmann - que fizemos de nossos índios?)
texto originalmente publicado em:
http://www.fotolog.com.br/casawarat/69028949
.
domingo, 8 de novembro de 2009
A terceira margem do Rio
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira
Água da palavra
Água calada, pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai
Meio a meio o rio ri
Por entre as árvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio riu, ri
O que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi
A voz das águas
Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai
Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai"
.
domingo, 1 de novembro de 2009
Uma poesia em homenagem a Luis Alberto Warat
Este texto foi lido durante o último Café Filosófico, sintetizando os pensamentos dos que ali se faziam presentes. A pedido de Luis, publicamos primeiro no seu blog como forma de alegrá-lo, agora colocamos também na Cátedra para que seu conteúdo seja conhecido também aqui. Porém, é necessário agradecer à Leopoldo Fidyka que com seu carinho, gentilmente cedeu suas lindas fotos de Buenos Aires para adornar o texto que se encontra originalmente publicado no seguinte endereço eletrônico:
http://luisalbertowarat.blogspot.com/2009/10/para-luis-en-su-aniversario-i.html
" Una conposicion a los Cafés Filosóficos Waratianos em Buenos Aires.
Buenos Aires inspira poesia.
A diversidade de sua arquitetura,
os olhares diferenciados de sua gente,
as aparências singulares...
Somos tentados à representar
os sentimentos
que nos provocam
em palavras que teimam em brotar.
Uma narrativa descritiva carnavalizada.
Uma tentativa alucinada
de aproximar a emoção do objeto,
a razão do conhecimento
que só é possivel ao sentidos.
O som das falas das pessoas
nos lembram melodias repletas de sensualidade.
Ai que cambiar las possibilitas... ai que tener sentido
pero no és possible, acá, reproduzir lo qie si siente...
El ardor que rompe la piel.
El sentido del desconocido, del inesplorado
La seducion del estraño.
El sorriso del niño... de la tica...
El amor, el enamoramiento del outro,
el encantamiento de no's mismos.
Pero, a my parece que las palabras son intangíveis...
insolúveis... impossibles de seren conjugadas, acá, en otro idioma
Conpor en "portunhol portenho"... és la unica possibilitad
conpor la singularidad de la comunicacion
dos qi ablam de modos diferentes,
el habitante e el estrangero,
el estrangero e el habitante,
pero qie sin receos
si enpenhan in la conprension mútua.
Un processo de reconocimiento de la alteridad...
en q las diferenças son el actrativo del diálogo
i la comunicacion és el objeto
encantando ih seduzindo a no's otros
conpundo la poesia de la diversidad...
Una conposicion mágica...
onde ai un bruxo, un mago, un encantamiento entre el
emitente i el emissor.
Una prosa poética
capaz del aproximar los desconecidos
avançar adelante de las possibilidads recionales
de la efectividade de las relaciones de afetividad.
Una poesia del imaginário, del desejo
conposta por sinbolos noevos,
sem pretencion del acierto
conjugados para acer la ponte para noestros sonhos
inimagináveis.
Nosso desconocido intangíble.
Una construcion qie nos facilita
otra possibilidad de representacion simbólica
del encoentro con el otro.
Una nueva arquitetura de la diversidad."
Andréa Wollmann - 28/10/2009 -
Buenos Aires (0:30 da manhã)
.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Desatino - em homenagem à Buenos Aires
terça-feira, 27 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
CRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS E BARBÁRIE: IMPECÍLIOS AO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL.
O resumo do outro trabalho que apresentei no GT do Congresso Internacional Psicossocial Jurídico do Tribunal de Justiça do Distrito Federal em 22/10/2009,que aconteceu em Brasília/DF.
O presente trabalho pretende analisar o discurso condenatório ao uso/comércio de “Drogas”, a violência a ela creditada e as dificuldades conseqüentes na construção de capital social no Brasil. Utilizou-se como método a análise qualitativa de dados através de pesquisa bibliográfica (textos, livros, legislação, jurisprudência, jornais, mídia eletrônica, etc.).
O termo "Droga" representa tanto às substâncias psicoativas lícitas cujo uso pode causar dependência como as declaradas ilegais pela autoridade constituída em determinado contexto social/histórico.
Buscou-se enfrentar a questão (pré)conceitual das “Drogas” avançando além do senso comum criminalizante.
A atribuição globalizada do problema da violência das metrópoles à questão das “drogas” tem legitimado os abusos da força estatal frente seus cidadãos na “guerra antidrogas”, a invasão de territórios e o desrespeito a soberania em razão do combate ao narcotráfico.
O discurso preventivo/repressivo às “Drogas” representa uma tentativa desesperada do poder de controlar o humano e legitimar a violência institucionalizada. Como reflete Warat, amor e violência ou poder não se coadunam. Segundo ele o amor, a outridade, o respeito ao outro e às diferenças seriam caminho de uma sociedade mais humana. No entanto, a prevenção à dependência química no Brasil anda de braços dados com a persecução criminal e a interesses antidemocráticos.
A barbárie do combate às drogas na realidade autoriza o desrespeito à cidadania das populações que ficam a mercê deste jogo de poder. Através dos conceitos de doença/dependência/prevenção/tratamento conseguimos fazer o impossível: igualar todos os “usuários” e “possíveis usuários” de “droga”. No senso comum teórico preventivo/criminalizante que se alastra, nossos novos “doentes” precisam de: “tratamento”, “prevenção” ou “cárcere”. Lugar de “drogado” é na cadeia ou no hospital (a depender da classe social).
Na realidade, a sociedade precisa de educação, informação, políticas sociais inclusivas, amor e respeito a sua diversidade; reconhecer-se no outro e respeitar-se enquanto habitantes do mesmo tempo/espaço possibilitando a construção do capital social comunitário do qual estamos carentes.
O sociólogo Betinho já vislumbrou que para vencer um incêndio é necessário um exército de beija-flores. A realidade conclama a todos para que nos dispamos dos estereótipos e pré-conceitos concernentes ao problema e discutamos de forma mais sensata uma solução.
WOLLMANN, Andréa Madalena
UFF - Universidade Federal Fluminense, Mestrado em Política Social.
UVA - Universidade Veiga de Almeida, Curso de Direito.)
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Drogas, Violência, Criminalização ao uso de psicoativos e Direitos Humanos: Contribuições para um debate necessário.
O texto que segue, é o resumo de um dos trabalhos que apresentei nos GTs do Congresso Internacional Psicossocial Jurídico do Tribunal de Justiça do Distrito Federal no dia 22/10/09, em Brasíia.
"Falar em violência está em voga.
Somos tomados de assalto todos os dias por noticiários que apresentam homicídios, assassinatos, tortura e receitas de bolo no mesmo espaço e contexto. Vivemos uma espécie de “banalização do mal”. Aliado a isso, um frenesi alucinado atribui como uma das principais causas da violência à questão das drogas.
Prevenir a dependência química é questão de ordem “moral e legal” numa panacéia que nos expõe a população marginalizada como deliquente/criminosa e as conseqüências sociais do abandono como causas do problema. O diagnóstico é ainda mais aberrante quando nos deparamos com a questão dos Direitos Humanos frente esta “estigmatização do mal”.
Ampliar o foro de discussão para fora dos estigmas da dependência química não é tarefa fácil ante a imprecisão e vagueza dos (pré)conceitos, às questões de poder, de controle econômico, social e moral que notadamente invadem o tema.
Para compreendermos como se dá a relação entre a criminalização das drogas, a violência e o (des)respeito aos Direitos Humanos é necessário estabelecer uma rota para que não nos percamos num oceano de questões que surgem deste contexto.
O objetivo de nossa análise é observar como se dá o discurso político e social de legitimação da violência institucionalizada com base na persecução e “demonização” das drogas (e de seus usuários), bem como vislumbrar se os Direitos Humanos podem contribuir de alguma forma para uma retomada de um debate em defesa do Direito ao respeito à diversidade. Que Direitos Humanos queremos? Qual a hegemonia que buscamos? Eis algumas questões que serão suscitadas durante este breve debate.
No Brasil, seguimos a tendência controladora das individualidades através de um estereótipo de “cidadão” sem “vícios”. Para além da condenação das drogas ilícitas, avançamos para o controle das lícitas através de campanhas educativas que mais desinformam que informam o povo. As políticas relacionadas à questão das “drogas” têm hoje muito mais um cunho de controle e invasão à liberdade individual que de proteção ao indivíduo se considerarmos que é a face repressiva-criminalizante-estigmatizadora-excludente que se implementa de fato. A prevenção anda de braços dados com a persecução criminal e a interesses anti-democráticos.
A função dos Direitos Humanos neste contexto será, ante a realidade, o de nos resguardar do arbítrio do poder e de resgatar o que nos resta ainda de nossa porção de humanidade na busca de uma “aliança das diferenças”. "
(WOLLMANN. Andréa Madalena)
sábado, 17 de outubro de 2009
Evento de Warat em Buenos Aires.
Lançamento do Livro coordenado por Regina Quaresma
Recebi o convite de minha querida amiga Regina Quaresma para o lançamento do livro elaborado por grandes nomes do direito, dentre os quais, destaco a própria Regina, Professora da UCAM, que para mim, é sinônimo de garra e determinação e o meu querido amigo, professor Paulo Cunha, da Universidade do Porto, outro ícone do direito com quem tenho o prazer de compartilhar algumas idéias, angústias e esperanças. Também meu querido novo amigo, o prof. Willis Santiago Guerra Filho faz parte desse grupo de escritores em busca de um Neoconstitucuionalismo. O livro será lançado no Rio, no dia 22, no salão Nobre do Ministério da Fazenda, conforme convite anexo.
Meus cumprimentos aos autores por esta iniciativa bárbara.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Dois trabalhos aprovados no Congresso Internacional Psicossocial Jurídico do Tribunal de Justiça do DF.
Mais frutos da pesquisa de Dissertação de Mestrado estão surgindo. As Comunicações Científicas:
CRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS E BARBÁRIE: IMPECÍLIOS AO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL
e
DROGAS, VIOLÊNCIA, CRIMINALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE NECESSÁRIO,
serão os trabalhos apresentados no evento que acontecerá em Brasília do dia 20 ao dia 24 de outubro. A programação dos trabalhos que serão defendidos no Congresso está no link abaixo:
http://www.congpsicossocialjuridico.com.br/trabalho_res.asp
Resultados de Juiz de Fora/MG -
O evento da Pós-graduação em ciências sociais da UFJF em Juiz de Fora foi fabuloso.
Troca de Idéias, contatos, oportunidade de discussão e reflexão acerca da sociedade, do direito, da política.
Os novos laços que se formam nestes encontros são sempre promissores.
Fabuloso conhecer a professora da UFRGS, Cibele, uma grande estudiosa da Política e uma colega de vocação.
Também foi fantástica a atuação dos professores de Juiz de Fora envolvidos no evento e os participantes que inscreveram trabalhos no mesmo. Em especial, merecem destaque o coordenador do meu GT prof. Orlando Lyra e o debatedor Dr. Gilberto Salgado, bem como os companheiros de GT (Guilherme e Márcia e os meninos da Graduação que deram um show a parte) que demosntraram que o capital do conhecimento científico no Brasil avança a cada dia com novas pesquisas e perguntas que estão sendo exploradas.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A dissertação de mestrado começa a apresentar seus resultados
Em outubro apresentarei no Seminário de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFJF/MG o tópico:
"Drogas, violência, criminalização ao uso de psicoativos e direitos humanos - contribuições para um debate necessário".
O dia e a hora estão no endereço eletrônico abaixo.
http://seminariocso2009.blogspot.com/2009/09/st-1-midia-cultura-e-criminalidade.html
Posteriormente, será publicado papper com o conteúdo debatido e disponibilizarei aqui no blog o linck de acesso.
Um novo texto do Prof. Paulo F. da Cunha.
O linck de acesso é o abaixo especificado.
http://works.bepress.com/pfc/52/
Vale a pena a leitura!
Sempre bom e encorajador é acreditar na possibilidade de uma Fátria, uma união entre irmãos para a construção de uma comunidade solidária e humanitária.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Um pouco de cultura brasileira
"Deus nos faça brasileiros, criador e criatura, um documento da raça pela graça da mistura..."
Alunos de TGE, o clipe serve para pensarmos a forma pela qual se cria o sentimento de nação. Exercício interessante é distinguir o sentido das palavras: raça, nação, povo, cultura, etc.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Chamada
Emboraa chamada virtual seja uma forma de controle, quero saber quem viu o que aqui na page. Deixem também seus comentários meus caros. Assim podemos otimizar nossa comunicação. abs a tdos e sucesso! As provas vem ai!:)
domingo, 13 de setembro de 2009
Um pouco de História do Direito:
Direito objetivo e subjetivo, um trabalho criativo que demonstra como os alunos podem se superar quando bem orientados.
O Positivismo:
Uma aula de Introdução ao Direito que merece sempre ser revista:
A Constituição:
Processo legislativo no Brasil:
Não esqueçamos que a entrada de uma questão na pauta do Poder como um problema em evidência social, requer a mobilização social das forças interessadas. Esse processo político respeita a democracia.
Xique bem!!! Medida provisórias, rs
O projeto de Emenda Constitucional: importante!
Projeto de decreto-legislativo:
Projeto de Resolução:
E a pobrezinha ordiária:
Ser professor em um país que não valoriza a educação
sábado, 1 de agosto de 2009
Uma poesia singular.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Quinto Ensaio.
Por um novo paradigma ao ensino do Direito*.
O ensino jurídico é um dos temas que abrasa o pensamento de todos aqueles que, vinculados ou não ao mundo jurídico, pensam uma democracia para o Brasil eis que a perpetuação do autoritarismo e das condições que mantém as desigualdades sociais e impedem a ampliação da cidadania no país, está ligado, de forma evidente, à contribuição de nossas faculdades e cursos de direito retrógrados e estagnados. Conforme argumenta Horácio W. Rodrigues(1), o ensino jurídico brasileiro, desde sua origem foi marcado como “um ensino voltado à formação de uma ideologia e sustentação política e à formação de técnicos para ocuparem a burocracia estatal”,características que continuam ainda presentes, hoje, sob novas formas e matizes.
As preocupações com o ensino jurídico no país, infelizmente, têm sido focadas apenas no âmbito da “metodologia didático-pedagógica” mais adequada ao ensino do Direito e no curriculum mais apropriado dos cursos, centrando-se na discussão sobre a bipolaridade da teoria versus prática. Esquece-se que o ensino jurídico não é apenas uma fonte material do Direito, uma vez que forma o senso comum sobre o qual se estrutura a prática dos egressos dos cursos jurídicos, bem como é fonte política, pois os saberes por ele transmitidos reproduzem a sociedade autoritária e o estado burocrático existente no país, servindo como força estagnadora e como empecilho à construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e pluralista. Conforme Roberto Aguiar(2), “o direito é a ideologia que sanciona, é a linguagem normativa que instrumentaliza a ideologia do legislador ou a amolda às pressões contrárias, a fim de que sobreviva”.
O ingresso do aluno na vida acadêmica é um momento de profundas mudanças em seu universo de conhecimento, um convite a novas descobertas, a desvendar um mundo desconhecido, porém fascinante que, aos poucos, vai lhe sendo revelado por seus mestres a medida em que estes abordam as características intrínsecas e extrínsecas da profissão escolhida. Conforme muito bem refere Michel Miaille(3), o professor terá a tarefa de guia nesta jornada rumo ao saber, fazendo com que o aluno descubra a ciência jurídica, penetrando neste universo novo e desconhecido.
Não se pode negar o fato de que nossa atualidade caracteriza-se pelo pensamento apresentado de forma fragmentada, provisória e em constante reformulação conforme os interesses dos que tem o poder de comando de uma sociedade onde o cidadão confunde-se mais e mais com um consumidor. Neste contexto, também a introdução ao saber universitário se dá por vários caminhos condicionados a valores e ideologias. Não há, portanto, neutralidade nesta jornada, pois tanto o estudante quanto o professor situam-se na academia a partir de convicções e valores que lhes foram postos no decorrer de sua formação, pelas estruturas que influenciam a construção de sua personalidade, tais como família, escola, igreja, meios de comunicação, etc. A atividade de ensino nunca será totalmente isenta de condicionamentos ideológicos.
Existem, assim, várias introduções possíveis ao aluno neste “novo mundo” ao qual ele adentra, cada qual possui racionalidade e interesses próprios, por vezes setorizados. Ao professor cabe a responsabilidade (das mais difíceis, uma vez que as estruturas condicionam ao aluno a não pensar) de abrir-lhe as portas do conhecimento e orientar-lhe em sua caminhada acadêmica, com seriedade e competência, instigando ao aluno a reencontrar a “paixão” pelo saber. Conforme Maria Cândida de Moraes(4),
“(...) a pedagogia atual não poderá se contentar em ser mera transmissora de conteúdos e informações, embora como insumo a informação seja fundamental. Ela deverá ir muito além, pois a emancipação, pessoal e socialmente, requer muito mais do que a mera transmissão e a mera reprodução da informação; ela exige a capacidade de construir e reconstruir conhecimentos, ou seja, o desenvolvimento da autonomia”.
O Direito é parte integrante das ciências sociais e como tal é um conhecimento eminentemente crítico(5). Ao pedagogo-jurídico importa fazer aparecer ao aluno o invisível no processo do conhecimento, indo além das aparências. Conforme Darcísio Corrêa(6), não se pode captar a complexidade da realidade social pela mera descrição do que é visível, pela simples experiência sensível. O professor de direito deve se conscientizar de seu compromisso social, de sua atuação política na sociedade pois é um microlegislador que poderá reproduzir o sistema de desigualdades sociais em que se encontra inserido ou semear novas idéias e utopias reforçando a luta pela mudança e pela concretização da democracia.
Conforme muito bem refere Horácio W. Rodrigues(7), o problema do ensino jurídico não se reduz a questões curriculares e didático-pedagógicas. Currículo e metodologia do ensino são meras conseqüências de uma estrutura de pensamento e de uma prática já estabelecidas; são conseqüência do senso comum dos juristas. Há que se ter consciência que o professor de direito é apenas um estudante mais experiente, que já galgou alguns passos em direção ao saber, o qual apenas orienta o aluno na sua tarefa de acumulo do conhecimento, com os meios e informações de que dispõe. Logo, o jurista não consegue ensinar aquilo que ainda não assimilou.
Ressalte-se o fato de que a maioria dos professores de direito não tem qualquer formação na área educacional, sendo, em sua grande parte, advogados, promotores, juízes, delegados, ou seja, graduados que exercem o magistério ou como forma de algum status que os ajudará nas suas reais carreiras, ou como forma de complementação da renda. Como conseqüência disso, não vivem a realidade acadêmica e não se dedicam à pesquisa, restringindo-se a reproduzir em sala de aula as velhas lições de seu tempo de estudantes somadas à sua prática na atividade profissional que desenvolvem. Como agravante desta situação, os professores são divididos em disciplinas diversas, com conteúdo programático pré-definido de forma estanque, como se o direito não fosse um todo que se complementa, o que dificulta ainda mais a troca de idéias e o amadurecimento de novas posições.
Neste ponto, emerge uma questão delicada, a capacidade do professor, embora lecionando uma disciplina curricular específica, transmitir ao aluno um conhecimento interdisciplinar do direito. A questão do ensino interdisciplinar (tão em voga) tem de ser revista, não podendo figurar apenas como a introdução no currículo de uma série de disciplinas de outras áreas do conhecimento que propiciem, cada uma delas, a sua visão isolada do fenômeno jurídico, de forma que acaba por trazer ao aluno uma série de visões estanques, sem contudo, propiciar-lhe uma compreensão de sua totalidade. Aliás, o que tem sido feito em termos de educação jurídica tem mais o caráter de reprodução de velhos conhecimentos que de um caráter multidisciplinar ou mesmo interdisciplinar.
A sociedade vive em um processo constante de movimento e o aluno tem de estar apto a acompanhar estas mudanças e alcançar à sociedade os meios de que ela necessita para concretizar-se justa. Neste sentido, a plena apreensão do direito enquanto objeto de reflexão exige mais que um saber técnico, pois requer um estudo profundo dos fatores históricos que o produziram bem como das implicações que joga sobre o futuro. Com isso, o conhecimento crítico-científico, ao invés de apenas descrever os acontecimentos sociais juridicamente regulados, insere-os na totalidade do passado e do futuro da sociedade que o produziu.
O pensamento crítico necessário ao egresso na atualidade é mais que o pensamento abstrato, é um pensamento dialético que parte da experiência de que o mundo é complexo: o real não mantém as condições da sua existência senão numa luta, quer ela seja consciente ou inconsciente. Mais precisamente, o pensamento dialético ou crítico é aquele que compreende esta existência do contraditório, pois, conforme Miaille(8),
“(...) este, encara-o não só no seu estado atual, mas na totalidade de sua existência, quer dizer, tanto naquilo que o produziu como no seu futuro. Este pensamento pode pois, fazer aparecer o que a realidade presente me esconde atualmente e que, no entanto, é igualmente importante. A realidade é coisa diversa e muito mais do que está codificado (...) na linguagem dos fatos”.
Urge que nos debrucemos à investigar os problemas atuais do ensino jurídico e as alternativas possíveis para que o mesmo possa corroborar para a formação de um acadêmico que consiga compreender o direito em relação aos fatos que lhe permitiram a existência, bem como, em relação ao que projeta para o futuro, tornando-o solidário com os demais fenômenos da história social, bem como com as ciências que tentam explicar estes fenômenos. É necessário encontrar alternativas para que o pedagogo-jurídico consiga instigar o estudante a munir-se de informações (das mais variadas fontes de conhecimento) e estimulá-lo a cultivar valores ético-políticos oriundos de posicionamentos conscientes, embasados em um raciocínio lógico, mas também sensível, humanista, uma vez que, o perfil ideal do bacharel em direito aponta para um profissional bem informado, munido de uma formação voltada para o pleno exercício da cidadania. Apenas essa dupla dimensão permite a percepção da realidade além das aparências(9). Não existem, portanto, dogmas irrefutáveis nem verdades absolutas, também inexistem donos da verdade, sem preconceitos e estereótipos.
Neste ponto, me permito citar novamente as palavras do professor Darcísio Corrêa(10), pois comungo de cada uma delas:
“A busca de novas verdades pressupõe espíritos desarmados, pois a construção do saber implica constantes reformulações, que de forma alguma significa abdicar dos princípios e valores fundamentais que norteiam nossa jornada. O que conta, em última análise, é a vida, vivida na plenitude de nossas limitações. Cabe ao direito [e ao pedagogo-jurídico, me permito afirmar], enquanto regulador da conduta social propiciar as condições de possibilidade de sua efetiva concretização em termos de igualdade, dignidade e solidariedade humanas. Que as presentes reflexões sejam um marco a mais na sempre renovada tarefa de construção da cidadania num contexto planetário de globalização voltado para a solidariedade e para a reciprocidade ao invés da exclusão social e da descartabilidade do ser humano.
É nesta jornada rumo ao engajamento por um conhecimento jurídico resultante de uma proposta de alternativas para conseguirmos a um ensino de qualidade humanista que precisamos nos esforçar, traçando assim, novas perspectivas para a educação e construção da cidadania no Brasil. Afinal, sem as utopias não há transformação da realidade e sem possuirmos esperança de construirmos um mundo novo, não há razão para a vida. A mudança social, em nosso entender, começa pelos bancos acadêmicos.
Referências:
(1) RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Ensino Jurídico: Saber e Poder. São Paulo: Acadêmica. 1988, p. 09.
(2) AGUIAR, Roberto A. R. de. Direito Poder e Opressão. 2ª ed. São Paulo: Alfa-omega, 1984, p. 79.
(3) MIAILLE, Michel. Uma introdução crítica ao direito. Lisboa: Moraes Editores, 1994. p. 17.
(4)MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus, 1997. p. 145/146.
(5) CORREA, Darcísio. A construção da cidadania: reflexões histórico políticas. Ijuí: Unijuí, 1999. p. 15. Segundo o autor, o termo crítico ultrapassa seu significado habitual, objetivando: “por em questão o conjunto ou a globalidade do fenômeno jurídico dentro das relações sociais.”
(6) CORREA. Ob. Cit. p. 16.
(7) Ob. Cit. p. 107.
(8) Ob. Cit. p. 22. Grifos meus.
(9) CORREA, Ob. Cit. p. 18.
(10) CORREA. Idem. p. 19.
* WOLLMANN, Andréa Madalena. Texto oriundo do projeto de pesquisa: Novos Olhares para o ensino Jurídico no Brasil.