sábado, 28 de novembro de 2009

Sétimo Ensaio

Em que resulta a ausência do Estado nas comunidades?


O Estado nasceu com uma função social integradora. Na busca desesperada de segurança e de paz, consolidou-se o Estado de Direito e firmou-se um contrato social aos moldes Russonianos. Como afirma Norbert Elias, o Estado foi fruto de um processo civilizador onde imperou a força do moinho satânico da revolução industrial. No entanto, algumas pessoas foram deixadas a margem nesse processo civilizador.

Zaluar nos demonstra que a história das Favelas é uma história de abandono e ausência do Estado e de políticas sociais nas áreas onde as mesmas se desenvolveram. O Estado só entrava ali vislumbrando a comunidade como um inimigo potencial, através de práticas policias discriminatórias e muitas vezes genocidas.

O Tráfico e as Milícias encontraram nestas comunidades campo fértil ante a ausência e o abandono daquela população pelo Estado e pela sociedade civil ou, pela população do asfalto. A política de segurança pública baseada no "Caverão" é genocida e não corresponde ao problema da violência.

No imaginário coletivo ainda predomina a visão esteriotipada e preconceituosa das comunidades. A mesma visão estigmatizadora que associa pobreza à violência, que confunde marginalizados com marginais. O império do medo é cotidianamente utilizado como fonte de renda. A tragédia e o crime vendem jornais, mantém governos, práticas de "segurança", indústrias bélicas, corrupções de toda ordem e discursos políticos eleitoreiros... A guerra ao tráfico legitima a violência institucional e o desrespeito à cidadania.

Nosso medo não corresponde a realidade. Segundo Alvito, cerca de apenas 6% das populações das favelas tem alguma relação com o tráfico, logo, desrespeitamos todos os dias no Rio de Janeiro os direitos civis de 97% de cidadãos moradores das comunidades.

Gilberto Velho nos fala das dimensões geográficas do abandono social no Brasil. As comunidades são carentes da figura do Estado no que diz respeito aos direitos básicos e as políticas públicas, mas também dos serviços e direitos relativos ao desenvolvimento do próprio moinho satânico de que se referiu Elias.

O resultado da ausência do Estado é a implementação de um Estado paralelo, seja através do tráfico, seja através das milícias.

Um quadro grave, que precisa ser discutido com urgência.

A reportagem a seguir encerra a minha fala. Deixo que um traficante termine falando por mim...





É hora de refletirmos!!!!!



(Andréa Wollmann)

2 comentários:

Isabella Zoffoli disse...

Eu ja havia visto algumas reportagens feitas pelo Conexoes Urbanas e o que mais me impressiona e a capacidade que eles possuem em mostrar a verdade sem demagogia, sem mitos. A realidade vivida nas comunidades è esta, nua e crua, independente da comunidade, o fator principal è: onde o Estado deixa de atuar, surge um poder paralelo que de forma ilicita age onde o Estado deveria estar atuando.
As criancas crescem vendo os marginais, para elas esses caras são os mocinhos e a polcia os bandidos. Uma verdadeira inversão de valores????????? Esta è uma pergunta que ainda não sei resonder, haja vista que quando surge uma necessidade por parte destas criancas e da comunidade num todo, quem està presente para sana-las são os traficantes e não o Estado. Como eu vou gostar de uma coisa de eu não a conheco?????
Os traficantes são os unicos referenciais que estas criancas conhecem.
Podemos observar tambèm que nas comunidades onde o Estado està atuando, este quadro se modifica e estas criancas passam a conhecer um "novo mundo".

Unknown disse...

Eu ja havia visto algumas reportagens feitas pelo Conexoes Urbanas e o que mais me impressiona e a capacidade que eles possuem em mostrar a verdade sem demagogia, sem mitos. A realidade vivida nas comunidades è esta, nua e crua, independente da comunidade, o fator principal è: onde o Estado deixa de atuar, surge um poder paralelo que de forma ilicita age onde o Estado deveria estar atuando.
As criancas crescem vendo os marginais, para elas esses caras são os mocinhos e a polcia os bandidos. Uma verdadeira inversão de valores????????? Esta è uma pergunta que ainda não sei resonder, haja vista que quando surge uma necessidade por parte destas criancas e da comunidade num todo, quem està presente para sana-las são os traficantes e não o Estado. Como eu vou gostar de uma coisa de eu não a conheco?????
Os traficantes são os unicos referenciais que estas criancas conhecem.
Podemos observar tambèm que nas comunidades onde o Estado està atuando, este quadro se modifica e estas criancas passam a conhecer um "novo mundo".