sexta-feira, 21 de maio de 2010

Outro absurdo, agora a vítima sobreviveu à total falta de segurança e de preparo de nossa polícia.

Vejam a que raias chega a tolerância à violência contra a mulher!

"A comerciante Nadir Aparecida Parasso, que foi assaltada dentro do 1º Distrito Policial de Salto, a 101 km de São Paulo, prestou depoimento na quarta-feira (19) à Corregedoria da Polícia Civil. O delegado corregedor José Maria Spin Ervilha foi até a cidade para ouvir, além da comerciante, os policiais afastados pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-7).

De acordo com a comerciante, ela apenas relatou ao delegado o que ocorreu no dia do assalto. “Ele só queria ouvir mesmo o que foi que houve no dia, contar história de novo. Nenhuma pista por enquanto, nada. Vamos ter que ter paciência”, disse Nadir. Ela foi assaltada no dia 14 quando foi à delegacia registrar o furto de um celular. Ladrões invadiram o local e roubaram R$ 13,5 mil de sua bolsa. Ela chegou a entrar em luta corporal com o criminoso e machucou o braço."
Fonte:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/05/mulher-assaltada-em-delegacia-presta-depoimento-corregedoria-da-policia.html

O mais grave: "Ladrões levam R$ 13 mil de comerciante; escrivão achou que era briga de marido e mulher "
"Nair havia acabado de entrar quando um criminoso anunciou o assalto, já no saguão da delegacia, e puxou sua bolsa com força.

Do lado de fora, um segundo homem dava cobertura. Houve luta e, na tentativa de impedir o assalto, a comerciante acabou machucando o braço direito.
A vítima afirma só ter largado a bolsa com o dinheiro quando o ladrão apontou-lhe uma arma de fogo.
No momento do crime havia na delegacia uma atendente, uma carcereira e um escrivão. “Ninguém fez nada para me ajudar”, desabafa. “Meu sentimento é de que não há mais lugar seguro”, complementa. "


Fonte:
http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Dia-a-dia/20111/Ousadia+sem+limite%3A+Mulher+e+assaltada+dentro+de+delegacia

Noutra versão
"Foi numa agência bancária, em Salto, que a comerciante sacou R$ 15 mil, dinheiro de uma herança recebida pelo marido.

Depois de fazer alguns pagamentos, ela passou num distrito policial para registrar um boletim de ocorrência por causa de um celular clonado.
Quando esperava pra ser atendida, veio a surpresa: "Entrou um rapaz alto, forte, e disse: ‘Eu quero a bolsa!’. Ele puxou a bolsa de um lado e eu puxei de outro".
Foi quando a mulher jogou a bolsa para o outro lado do balcão, onde estavam duas policiais. Mas o ladrão não se intimidou, pulou o balcão e pegou a bolsa de volta."
A comerciante ainda tentou impedir que o bandido fugisse com o dinheiro. "Quando ele viu que não ia se livrar de mim de jeito nenhum, ele gritou pro comparsa dele: ‘Atira nela! Atira nela!’. Daí eu soltei".
As policiais não fizeram nada para impedir o assalto. Um escrivão, que estava em outra sala da delegacia, ouviu tudo e também não esboçou nenhuma reação.
"O escrivão depois disse que não intercedeu porque ele achou que era uma briga de marido e mulher. Eu achei o cúmulo do absurdo. Fosse briga de marido e mulher, fosse briga de vizinho, o mínimo que eles podiam fazer era intervir. Eu posso ser assaltada no supermercado, na rua, no cinema, na praça, na calçada, no portão da minha casa, mas nunca dentro de uma delegacia".""

Fonte:
http://www.tvcanal13.com.br/noticias/mulher-e-assaltada-dentro-de-delegacia-no-interior-paulista-103165.asp


Desabafo de uma cidadã!

Que devemos esperar de um Estado onde trabalhador é morto trabalhando porque mora em uma comunidade onde todo cidadão é visto antes como um bandido potencial e onde uma mulher é agredida dentro da delegacia de polícia, onde buscava segurança pública? E tudo isso fica por isso mesmo, vira manchete por um dia, cai no esquecimento, vira coisa normal "mero aborrecimento do cotidiano"! Isso é absurdo!

O despreparo para assuntos relacionados a violência e ao crime, os depósitos humanos que são nossos presídios, a falta de respeito à criança, ao adolescente, ao trabalhador, a mulher, a velhice não podem permanecer como constituintes de nossa "cultura" social!

Qualquer cidadão sabe como se sente quando precisa fazer uso dos serviços públicos de segurança. Basta ir a uma delegacia para fazer uma denúncia "fubá" ou "feijão" como comumente são apelidadas as questões relacionadas com delitos de menor potencial ofensivo. Já tive situação que para registrar a ocorrência, precisei ameaçar chamar a Corregedoria. Apreciem bem, quando descobrem que somos advogados, os serventuários da segurança nos tratam assim (senão pior, tentando nos ensinar Direito, quando na nossa cara desqualificam a conduta descrita por nosso depoimento para outra de menor potencial punitivo na forma equivocada - para não dizer, desinteressada - de preencher a papelada), imagina um cidadão comum, sem conhecimento de seus direitos??? Crime é tráfico, o resto, é resto!

E a Lei Maria da Penha?? risos. Para o escrivão da delegacia do noticiado assalto não existe, assim como para muitos outros colegas pelo Brasil a fora. Afinal, se era briga de marido e mulher, tinha chegado à delegacia!!! Porque não houve qualquer intervenção??? Talvez porque a polícia civil não previne (ela investiga), apenas age depois do delito, (resposta "burrocrática"), faltou ali a polícia preventiva, a PM (exterminadora com seus fizis)!

A realidade é que serventuários despreparados, desmotivados, com péssimos salários, sem conhecimento técnico adequado, cheios de preconceitos e estereótipos e, desprovidos de um mínimo de condições materiais, são incapazes de implementar qualquer política de segurança pública. Alguém aqui já visitou uma Delegacia de Polícia??? Com certeza nossos políticos não, até porque, se visitassem alguns de lá não sairiam tão cedo. Do contrário porque tanta dificuldade em aprovar uma norma que garantisse que o candidato deveria ter "ficha limpa"??

Sendo ano eleitoral, não faltarão os defensores da ordem e do progresso! Estarão dizendo: -  "temos que varrer o crime de nossas ruas!". Mas a corrupção começa no Congresso que não moraliza a disputa eleitoral e não legisla para o bem do povo.

Mais fácil determinar uma polícia de à extermínio à invadir comunidades de trabalhadores a bem da guerra do tráfico! Segurança é o "caverão"! Melhor que uma política pública de prevenção adequada ao problema das drogas que demanda equipes mutidisciplinares preparadas e investimento público. Melhor a política do extermínio! Melhor matar um trabalhador com uma furadeira na mão, porque se fosse "traficante" ninguém questionava (detalhe, será por isso que primeiro quiseram dizer que o trabalhador assassinado no Andaraí era traficante?). Melhor deixar baterem nas mulheres debaixo do nariz da (in)segurança pública, porque Amélia que era mulher de verdade!!!! Para quem tiver sorte de apanhar do marido ou companheiro, pode ser que ele seja preso pela Lei Maria da Penha!

Vale mais a ausência, pois dá uma bela plataforma de promessas políticas em ano de eleição!

(Andréa Wollmann)
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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Absurdos decorrentes dessa guerra sem sentido!!!

Policial do Bope confunde furadeira com arma e mata morador do Andaraí

Um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, matou por engano um morador do morro do Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O motivo: o policial confundiu uma furadeira com uma arma.



Na manhã desta quarta-feira (19), Hélio Ribeiro estava no terraço de casa, pregando uma lona com a furadeira, para proteger o pavimento da chuva. A esposa dele, Regina Ribeiro, também estava no terraço, regando as plantas.



Fátima Pinho, que é vizinha de Hélio há mais de 40 anos, disse que, quando ele olhou para os policiais do Bope, que faziam uma operação no morro, chegou a se virar para a esposa e comentar: "Vão pensar que estou armado."



"A Regina me contou que ele nem chegou a terminar a frase. Tomou o tiro, caiu da escada e ficou estatelado no chão, morto", contou, nervosa, Fátima. "Em seguida, os policiais do Bope continuaram com as armas apontadas para o terraço e gritaram para Regina se abaixar. Ela gritou de volta: ?O meu marido está morto!?", disse a vizinha.



Fátima contou que a lona está arrebentada no terraço do casal, e o chão, ensanguentado. "Estão dizendo que ele era traficante. Mas isso é um absurdo. Ele estava trabalhando em uma rede de supermercados", disse. Hélio Ribeiro tinha 47 anos.



O capitão Ivan Blaz, porta-voz do Bope, confirmou a morte do morador do Morro do Andaraí. "O policial está transtornado psicologicamente. Eu lamento demais o fato, uma vez que o policial tem uma carreira ilibada e ocorreu um fato infeliz", afirmou Blaz.



Por Bernardo Tabak


fonte: http://www.guiame.com.br/v4/43483-1456-Policial-do-Bope-confunde-furadeira-com-arma-e-mata-morador-do-Andara-.html





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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Para pensarmos... algumas visões sobre a Favela...



Meu Barraco!

Ta vendo esse barraco moço?
Não se parece com uma casa daquelas que aparecem na revista, né?
Tá mais "praquelas" dos jornais, onde a polícia aparece de fuzil na mão para dizer que somos todos "ladrão"!
Mas não, olhe bem moço...
Bem lá no fundo...
"Pro" seu desgosto, esse é o meu cantinho,
no mundo...
Meu lar, meu bangaló, meu casebrinho...
Fruto de uma vida que pareceram muitas...
De muita lida, trabalho, dor e suor!

Tá vendo meu palácio moço? Fica no topo do mundo!
Aqui me sinto mais profundo...
Posso sentir Deus mais de perto...
Eu, por vezes,
rogo a ele que me leve em meio a uma bala perdida,
de um " polícia" ou uma bala bandida,
Que sempre acha alguém para levar "pro" céu
e diminuir a dor de viver em meio a essa cidade..

Aqui, nessa casinha, pela janela,
vejo as estrelas, a lua mais linda e o mais lindo amanhecer...
Sim, porque me deito com a lua e amanheço antes do sol nascer para chegar ao meu trabalho...
Por isso, todo dia vejo o amanhecer mais lindo,
como um presente de Deus pelos meus esforços..

Tá vendo meu barraco, moço?
Foi construído, pedaço a pedaço,
com as sobras do que você me pagava
pelos meus serviços e meu cansaço...
É a coisa mais linda que consegui construir
sem sua ajuda,
com a miséria que me serviu de remuneração
 por enriquecer essa cidade com meu suor...
Mas também é fruto de colaboração...
Meus vizinhos, vieram todos como irmãos,
ajudar a erguer a laje.
Aqui somos assim, nos ajudamos, mutuamente...
nunca se sabe o dia de amanhã!

Tá vendo meu palácio moço? Meu tesouro?
Nele sou rei...
É meu cantinho do céu na terra.
E nele sou cidadão como você!
Embora, muitas vezes, eu não saiba disso e você, não me reconheça ou perceba...
Olho pela janela e vejo a cidade maravilhosa..
Muitas vezes, sem nenhuma maravilha...

Aqui vejo o Cristo de braços abertos,
 lembrando que Ele também nasceu numa simples manjedoura...
Que foi crucificado e humilhado em vida
Para reinar na glória
 e dividir a história
 em dois tempos!
E ser luz desde então...

Tá vendo a minha casa moço?
Ela não é feia nem comunidade, nem favela!
E mesmo que você me cerque em muros...
Mesmo que você me esconda...
Ela ainda existe, suporta, sua indiferença!
Ela é a coisa mais bela que construi!
Me abriga, me protege, me conforta
enquanto eu preciso transitar por aqui!
Tenho certeza, que um dia,
quando não valha mais na vida o que se tem,
mas o que se é ou fez da vida em nome do amor...
Vais me encontrará noutra morada,
talvez mais bela e iluminada
por nosso Senhor,
mas não menos fruto
de meu suor, sacrifício,
trabalho, esperança
fé, renúcia e amor!
Tá vendo a minha casa moço??


(Andréa Wollmann. 12/05/2010)

O que passa sobre as favelas fora daqui... é muito ruim, depreciativo, ampliando a estigmatização negativa de toda uma população de cidadãos esquecidos pelo Estado, salvo pelas políticas policiais e criminalizantes. Mas o mais grave é que, o que passa sobre favelas aqui, ou comunidades, é muito pior, mais depreciativo e vergonhoso!















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Um evento imperdível!

Segue em anexo divulgação do colóquio que o Laboratório de Etnografia Metropolitana (LeMetro/IFCS-UFRJ) está organizando em comemoração aos 50 anos de publicação do primeiro grande estudo sobre as favelas do Rio de Janeiro - Aspectos Humanos da Favela Carioca - desenvolvido pela SAGMACS (sociedade criada nos anos 1940 pelo frei dominicano Louis-Joseph Lebret) e coordenado pelo sociólogo José Arthur Rios.







O evento será realizado entre os dias 19 e 21 de maio no Salão Nobre do IFCS-UFRJ.







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sábado, 8 de maio de 2010

Outra vez, poesia...

Engraçado como todo encontro com meu amigo Nill acaba gerando poesia. Poetinha das Flores, espero que goste do que nosso diálogo inspirou. Grande beijo caro amigo.




"Diálogo poético:



- Faz tempo que não conversamos poetinha, tudo bem ai?


- Verdade. Comigo está tudo ótimo e contigo, minha doce poetiza, tudo bem contigo?

- Ah, ando sofrendo do coração... fase boa para escrever poesia, dizem que os versos escorrem para o papel no auge do sentimento ou da contrariedade.





Sorrimos...






- Também creio nisso poetiza... Preciso experimentar novas tentativas... No sucesso ou no fracasso, formamos versos. Preciso de alimento para minha poetica e minha alma..


- É por ai meu caro, por ai... A cada tentativa o coração muda de forma, a media que vamos colando os pedaços que sobram... Somos sempre novo Vangog.


- Sim, a cada nova tentativa descubro que uma parte de mim quer viver sozinho... E essa parte sou quase eu inteiro...

- Entendo, deve ser por isso que essa nossa parte, livre, se perde do restante que ainda sobra, caído ao chão junto com as ilusões que se quebraram. Recolhemos os restos e a parte que quer viver sozinha, cria asas e voa, vira verso. Quando voamos, no auge da felicidade, os versos nos mantém, de alguma forma, com os pés no chão, deixando nosso coração voar e a nossa cabeça nas nuvens.


- Minha doce poetiza... preciso ir, esta frio aqui. Eu volto, gosto de falar contigo...


- Mas já, nem fizemos poesia... Que seu coração esteja aquecido doce poetinha.


- Pena que, nem sempre, nos encontramos...


- Verdade... Tudo a seu tempo...


- Que o seu coraçãozinho sensibilizado também esteja aquecido poetiza, precisamos dele assim... quentinho... e, por vezes, quietinho... Um beijo doce para você, linda poetiza...


- Você tem toda razão, embora a razão por vezes não alivie o sentimento... Os versos o contém.
Um beijo poetinha.


- Até mais poetiza. Até outro novo encontro...

- Até... outra poesia."


(Andréa Wollmann - 08/05/2010).





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terça-feira, 4 de maio de 2010

A construção do amor.


Quando olhamos ao longe as formações rochosas que formam a apaisagem junto ao mar, num casamento harmonioso, pensamos em um dueto perfeito, onde o mar bravio nos encanta e o rochedo nos remete a idéia de segurança. Um grande rochedo, imponente, forte, impressiona por sua solidez não é?

Porém a nobre rocha não apareceu simplesmente na natureza, é o resultado de anos e anos de acúmulos, de pedaços e pedaços de pequenas conchinhas do mar. Conchinha à conchinha, pacientemente a mãe natureza foi moldando a paisagem. Conchinha à conchinha pequenina, alguns mariscos e as ondas, num valsar formaram a grande e imponente montanha. O rochedo forte que vemos é formado por mil nadas de uma fragilidade imensa, mas que acumulados, formaram a sólida estrutura...

O amor pode ser comparado ao rochedo. Amores fortes, imponentes, sólidos também nascem de pequenas conchinhas... de mil nadas...

Pequenas atenções, gestos, carícias, sussurros vão se somando enquanto os dias vão passando. O bater de um coração que acelera sem entermos por que, que queima no peito com uma lembrança. A luz dos olhos do outro refletida em nós. O tom da voz em FM, garantindo a suavidade da melodia. A sensibilidade da pele...as carícias, a ternura, a atenção... dia à dia, cada uma dessas conchinhas vai formando um rochedo de segurança, solidificando o amor, sem que possamos notar.

Todos queremos um amor sólido, seguro, mas não percebemos que ele é resultado do tempo e do trabalho, da união destas conchinhas... Como as conchas servem de base a rochedo, também os dias perfeitos que vão passando e se somando, são a base do sólido amor. O trabalho árduo superando as dificuldades vai sedimentando esse pequenos pedaços de vida, no amparo e no cuidado, no carinho e na compreensão dos amantes. Os desentendimentos e a falta de sensibilidade vão formando pequenas rachaduras que podem se limitar aos detalhes da rocha, ou levá-la à ruína. Principalmente se multiplicadas por nossa isegurança, por nossa falta de fé, por nossa grosseria, pela impaciência e pela cólera. As palavras amargas são ácido que corróem a montanha do amor. O egoísmo e a falta de humildade também.

Dia à dia, de concha em concha vamos construído ou destruíndo, solidificando ou enfraquecendo a estrutura do sentimento que buscamos.
Construir ou não, eis a questão? O que estamos acumulando, o que buscamos? O que queremos?

O que quero hoje é começar a juntar as minhas conchinhas...  dia à dia feliz... construindo o futuro. Um dia, o que parece um sonho de amor hoje, será uma linda paisagem real. Veremos uma rocha beirando o mar, firme e sólida, onde poderemos repousar com segurança os alicerces de uma construção que nem o tempo, nem as tempestades poderão derrubar.



(Andréa Wollmann - abril/2010)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A arte de ouvir

Mensagem de Divaldo Franco, narrada por ele.






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