domingo, 29 de novembro de 2009

Falta ao Brasil competência e não auto-estima.

Graças a minha querida colega, amiga Verinha recebi este texto no meu e-mail.
Uma entrevista dada em 2005, mas cujo tema parece interessante refletir.
Por este motivo, ai vai na íntegra e com a fonte do texto ao final.


"Roberto Shinyashiki
"Cuidado com os
burros motivados"
Em Heróis de verdade, o escritor
combate a supervalorização da
aparência e diz que falta ao Brasil
competência, e não auto-estima

Camilo Vannuchi

Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”

ISTOÉ – Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki –
Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa
de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,
viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso
é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que
não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão
de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que
não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida,
e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ – O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki –
Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ – Qual o resultado disso?
Shinyashiki –
Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ – Por quê?
Shinyashiki –
O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ – Há um script estabelecido?
Shinyashiki –
Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente
de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos
respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de
cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.” É exatamente o que o chefe
quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado
ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma
forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ – Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki –
Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ – Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki –
Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ – Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki –
Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.” Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ – O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki –
Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ – É comum colocar a culpa nos outros?
Shinyashiki –
Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta
é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder. Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.

ISTOÉ – Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki –
Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki –
O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.


Max G Pinto


"O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal"

ISTOÉ – Muitas pessoas têm buscado
sonhos que não são seus?
Shinyashiki –
A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.” Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.

ISTOÉ – O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma
parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?
Shinyashiki –
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um
hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora
da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis. Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para
o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza
e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos."


• Roberto Shinyashiki, 53 anos,
é psiquiatra e psicoterapeuta
• Já vendeu 6,5 milhões de
exemplares de livros como Amar
pode dar certo
e O sucesso é ser feliz
• Presidente da Editora Gente, concluiu doutorado em administração de empresas na USP
• Católico praticante, freqüenta templos budistas e admira mestres da Índia como Osho, Sai Baba e Ramesh
• Apaixonado por guitarra, apresenta-se uma vez por mês com o grupo Dinossauros Rock Band em um
bar paulistano

fonte:http://www.terra.com.br/istoe/1879/1879_vermelhas_01.htm

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Desatinos hermenêuticos 2

Embora o assunto da violência seja importante e me interesse profundamente, não pude deixar de captar esta pérola.

Dentro dos desartinos hermnêuticos que propus, diga o leitor o que consegue compreender da fala dessa moça?

O problema hermenêutico está no emissor ou no intérprete?







Hein????
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sábado, 28 de novembro de 2009

Sétimo Ensaio

Em que resulta a ausência do Estado nas comunidades?


O Estado nasceu com uma função social integradora. Na busca desesperada de segurança e de paz, consolidou-se o Estado de Direito e firmou-se um contrato social aos moldes Russonianos. Como afirma Norbert Elias, o Estado foi fruto de um processo civilizador onde imperou a força do moinho satânico da revolução industrial. No entanto, algumas pessoas foram deixadas a margem nesse processo civilizador.

Zaluar nos demonstra que a história das Favelas é uma história de abandono e ausência do Estado e de políticas sociais nas áreas onde as mesmas se desenvolveram. O Estado só entrava ali vislumbrando a comunidade como um inimigo potencial, através de práticas policias discriminatórias e muitas vezes genocidas.

O Tráfico e as Milícias encontraram nestas comunidades campo fértil ante a ausência e o abandono daquela população pelo Estado e pela sociedade civil ou, pela população do asfalto. A política de segurança pública baseada no "Caverão" é genocida e não corresponde ao problema da violência.

No imaginário coletivo ainda predomina a visão esteriotipada e preconceituosa das comunidades. A mesma visão estigmatizadora que associa pobreza à violência, que confunde marginalizados com marginais. O império do medo é cotidianamente utilizado como fonte de renda. A tragédia e o crime vendem jornais, mantém governos, práticas de "segurança", indústrias bélicas, corrupções de toda ordem e discursos políticos eleitoreiros... A guerra ao tráfico legitima a violência institucional e o desrespeito à cidadania.

Nosso medo não corresponde a realidade. Segundo Alvito, cerca de apenas 6% das populações das favelas tem alguma relação com o tráfico, logo, desrespeitamos todos os dias no Rio de Janeiro os direitos civis de 97% de cidadãos moradores das comunidades.

Gilberto Velho nos fala das dimensões geográficas do abandono social no Brasil. As comunidades são carentes da figura do Estado no que diz respeito aos direitos básicos e as políticas públicas, mas também dos serviços e direitos relativos ao desenvolvimento do próprio moinho satânico de que se referiu Elias.

O resultado da ausência do Estado é a implementação de um Estado paralelo, seja através do tráfico, seja através das milícias.

Um quadro grave, que precisa ser discutido com urgência.

A reportagem a seguir encerra a minha fala. Deixo que um traficante termine falando por mim...





É hora de refletirmos!!!!!



(Andréa Wollmann)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Alternativas a política de segurança de extermínio.

Por uma nova Polícia, por um resgate da discussão sobre segurança pública no Rio de Janeiro.


Parabéns ao Conexões Urbanas pelo trabalho desenvolvido nesta reportagem!












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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Violência no Brasil

Não se pode calar diante dos absurdos e do senso comum de extermínio que se propaga na sociedade brasileira.

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/11/26/pai-chama-pm-para-conter-filho-drogado-rapaz-morto-com-12-tiros-em-belo-horizonte-914930939.asp






E vc? que pensa????




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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Móveis Coloniais de Acajú!!


Tai...
O nome, me pareceu estranho...
Estranha também a sensação que percorre quem participa do show dessa banda.
Uma galera pra lá de inteligente e animada de Brasília, que levantou o Circo Voador preparando a entrada do Teatro Mágico na última sexta.

Euzinha estava lá e não acreditei no que vi.
Sim, meninos eu vi...
E que bom que vi, ouvi, dancei, pulei e curti.
Uma banda de qualidade, livre, com musicas na web pra baixar... vivas! vivas a arte brasileira!

o site da banda é esse:
http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/complete/index.php#div3




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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desatinos Hermenêuticos

A foto foi sugerida pelo prof. Tulio Vianna no focebokk. Quando vi não pude deixar de adicioná-la aqui. Resolvi criar um tópico chamado, desatinos hermenêuticos.


A verdade é que se não fossem certos princípios penais como por exemplo o da tipicidade, da necessidade clara da descrição da conduta típica anti-jurídica, as leis penais ficariam a mercê de nossa compreensão apurada. O problema da lei está na interpretação daqueles que a ela pretendem dar sentido concreto. Gostemos ou não, os princípios penais e as garantias constitucionais nos garantem ao arbítrio do Estado e de seus aplicadores, ou pelo menos, devia garantir.



Lembro de um professor de direito que me ensinou que tudo é permitido, salvo vedação expressa em lei.



Será?



Vejamos, por exemplo, o art. 260 do CP in verbis:

" Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação;
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Desastre ferroviário
§ 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo."


O texto pode acabar ficando assim na aplicação prática de algum
douto hermenêuta:





O pior é que isso não é uma piada!!!!



Agora vamos a tentativa hermenêutica de justificação do desatino. Responda se puder:

1) a lei (art. 260 CP) autoriza essa interpretação ampliativa pois:
a) transar na via férrea impede ou perturba o serviço da estrada de férro.
b) transar na linha férrea deve ser incômodo
c) transar na linha férrea danifica, desestrutura, destrói, material rodante ou de tração
d) transar na linha férrea transmite falso aviso de movimento
e) transar na linha férrea embaraça o funcionamento ou interrompe (o que mesmo?)
f) transar na linha férrea resulta desastre (afinal pode ser que disso surja uma gravidez!, kkkk)
g) nenhuma resposta acima ou abaixo.
h) transar na linha férrea causa desastre.

Se responder "g": diga qual seria uma resposta adequada.

Boa intepretação pessoal!!!


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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexto Ensaio




sexta-feira, 13 de Novembro de 2009

Discursos, métodos, metodologias e implementações teóricas: a frieza da alma na ausência do coração.


O amor está barrado na academia. A violência com seus dados bárbaros, sim, esta pode entrar. Podemos teorizar a cerca da barbárie, mas o amor, ah, o amor, este não tem lugar no campo teórico. Este, pensava eu, é o problema do pensamento científico. Eivado de razão, esqueceu os sentimentos. Perdeu o sentido. Para contrapor os dogmas da fé, perdeu-se em novos dogmas de verdade científica.

Que ciência é esta que mede os sentimentos? Impossível ciência.
Entretanto, para minha felicidade, novos apelos acadêmicos surgiram e achei: sim, eis o caminho, redescobrimos o amor como ferramenta de alteridade, como possibilidade de reverter o processo de lobotomia moderno a que nos submetemos! Há aqueles que housam teorizar sobre o amor, mesmo correndo o risco de ser contestado em suas terias e métodos! Vivas!

Porém, ledo engano. Velhas idéias borradas com novas tintas metodológicas ainda vazias de sentimento nada podem mudar.

Não. Não há como teorizar sobre o amor. É preciso sentir, vibrar, pulsar latente o coração que ama.

O amor em si mesmo, como mero objeto de análise romântica, não significa nada senão um discurso político-ideológico de muitos acadêmicos, mestres e doutores do saber, que com sua vaidade crêem ter encontrado o Santo Graal. Arriscam indicar metodologias alternativas, novas implementações teóricas sobre o amor e a necessidade de alteridade, de mudança, de respeito, de diversidade. Novas concepções sobre o amor, a sensibilidade, a humanidade e seus direitos “humanos”.

Brados por novos espaços de sensibilidade se abrem, como se nós, pobres e falíveis mortais, pudessemos ensinar ao outro e nos abrir através de seu discurso de sensibilidade. Sim, porque esta construção teórica acaba parando nas mãos e no nome deste ou daquele pensador que nos fala a alma que, repleta de sonhos e desespero ante a frieza metodológica das relações do cotidiano, anceia novas possibilidades que permitam o retorno a nossa criança íntima. Ele nos fala do nosso desconhecido, do nosso obscuro desejo de felicidade.

Como uma harpa encantada, ecoa cânticos que nos embriagam a alma e nos deixam apaixonados por suas teorias sobre o amor e a alegria. Teórico e teoria se confundem em nossos sentidos ainda dormentes agora despertos mas ainda embriagados pela melodia. Eis nosso ledo engano.

Ao nos abrirmos ao encantamento embriagante do vinho amoroso que nos serve imaginamos que o anfitrião é alguém também repleto de sensibilidade e amor. Esquecemo-nos de nossa condição humana e falha. Nos abrimos ao amor e esperamos ser amados. Buscamos a alegria contagiante do encontro mágico amoroso proposto.

Mas o amor não está nas belas palavras. Está na real capacidade de sensibilidade e solidariedade com o outro. Está nas ações que não necessitam ser teorizadas nem descritas. Está no que se sente mas também no que se faz.

Na ausência de alma teórica, o homem velho que habita em nós ainda banha a nova teoria, mesmo que pintada em lindas e coloridas cores e matizes. O encanto do velho mago se desfaz nas suas atitudes e nos deixa nus diante da indiferença científica. A frieza da alma na ausência do coração nas práticas do dia a dia vem a tona como um banho frio que nos acorda para a realidade. Tristeza nos percorre neste instante.

Mas nada está perdido. Eis que mesmo assim, avançamos. Embora ainda estejamos envolvidos pelo frio científico coração em nossas percepções, assim como o velho mago, somos agora homens melhores que antes, mais conscientes da verdadeira necessidade de amar. Despertamos para o fato de que o amor e o respeito a alteridade não são apenas elementos teóricos a serem defendidos em belas teses e discursos do dever ser. Precisam ser uma construção de ações e relações humanas na implementação concreta de um novo dia. Mesmo falhando na implementação, já reconhecemos o caminho e diante desta nova cartografia, quem sabe cheguemos um dia a encontrar nossa Ilha desconhecida.

O homem velho ainda habita em nós, mas podemos sempre, aperfeiçoá-lo amoravelmente. Necessária é a presença do coração e o aquecimento da alma nas ações que construirão e manterão as relações amorosas de que tanto necessitamos.



Andréa Wollmann


Texto postado originalmente em:
http://razoar.blogspot.com/2009/11/discursos-metodos-metodologias-e.html



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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Evento na UERJ com Joel Birman

Um evento que vale a pena se realizara na UERJ, no dia 27/11/2009.
Segue o convite






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O Movimento estudantil ainda luta... contra a discriminação e o preconceito!

Cerca de 250 alunos da UnB (Universidade de Brasília) fizeram protesto nesta quarta-feira (11) em apoio à estudante Geisy Arruda. Às 14h, cerca de 250 estudantes foram à reitoria da instituição nus ou com pouca roupa, em protesto à atitude considerada por eles como "machista" dos estudantes da Uniban de São Bernardo do Campo. Os universitários também reivindicam políticas institucionais para a segurança da mulher na universidade.




Também existe um manifesto sobre o assunto na page do Prof. Alexandre da Rosa que vale a pena ser conferido: http://alexandremoraisdarosa.blogspot.com/2009/11/uniban-e-violencia.html#links

Também ver o blog: http://autonomiadasmulheres.blogspot.com/



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IX Seminário de Direito Constitucional



Divulgando o convite que me foi repassado por minha querida amiga Regina Quaresma.



Um evento digno de destaque.

Ingressos a cada palestra são 1 lata de leite em pó.

Esterei presidindo a mesa da tarde no dia 24/11.

Participem!



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O que fizemos de nossos índios?


Visitando as Missões, uma emoção nos percorre as veias... a lembrança de Sepé dizendo que "esta terra têm dono" nos percorre...
Mas se observarmos a história transformada em maquete para mostrar como éram os povos missioneiros não nos daremos conta da realidade que nos cerca...
Que fizemos de nossos índios? Nem cidadãos, nem um povo... nem uma cultura... nem branco, nem índio... nunca incluído, nem mesmo nas estatísticas oficiais...
Que fizemos de nossos índios?

Texto e foto originalmente postado em: http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73749979

Neste lugar está nascendo o surrealismo mágico segundo Warat.





Foto de Andréa Wollmann postada originariamente em : http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73752794




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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Lua Chora sobre as Missões Guaranis


Na passagem do surrealismo pelas ruínas Missioneiras, a Lua chorou sobre as Missões...

Um choro silencioso que falava à alma, falava de Sepé Tiarajú, de um povo que um dia habitou aquele espaço e que mesmo após ser dizimado, continua a dizer: esta terra tem dono...

Nos pergunta a Lua: que fizeram de nossos índios?



(texto e foto de Andréa Wollmann - www.catedralivreartedireitoclaricelispect.blogspot.com)

Texto originalmente postado em : http://www.fotolog.com.br/surrealismodarua/73905152



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Que fizemos de nossos índios?


Em um texto de Débora Urquieta observa-se a denuncia da situação dos índios no Perú, ela refere:"todos son cidadanos... pero los indígenas no¨.

O mesmo pode-se ver no Brasil, na América Latina...

Nossos irmãos não são nem cidadãos, nem uma parte integrante das estatísticas... ficam a mercê de classificações, de instrumentos legais, de nossa indiferença, de nossa falta de sensibilidade.

Mas eles resistem!

Como na música de Caetano Veloso:

"um índio descerá de uma estrela colorida brilhante
de uma estrela que virá numa velocidade estonteante
e pousará no coraçao do hemisfério sul
na américa num claro instante
depois de exterminada a uma naçao indígena
e o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
mais avançada que a mais avançada
das mais avançadas tecnologias
virá impávido que nem Muhamed Ali
virá que eu vi
apaixonadamente como Peri
vira que eu vi
tranquilo e infalível como Bruce Lee
virá que eu vi
o axé do afoxé, filhos de Gandhi
virá
um índio preservado em pleno corpo físico".

(texto de Andréa Wollmann e Leopoldo Fidyka)
(foto de Andréa Wollmann - que fizemos de nossos índios?)

texto originalmente publicado em:
http://www.fotolog.com.br/casawarat/69028949



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domingo, 8 de novembro de 2009

A terceira margem do Rio

(música de Caetano Veloso e Milton Nascimento)







" Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira


Água da palavra
Água calada, pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra

Duro silêncio, nosso pai

Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai

Meio a meio o rio ri
Por entre as árvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio riu, ri
O que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi
A voz das águas

Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai

Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai"



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domingo, 1 de novembro de 2009

Uma poesia em homenagem a Luis Alberto Warat

O texto a seguir foi composto na primeira noite em Buenos Aires, na tentativa de representar em poesia a iniciativa de Luis Warat em constituir uma Casa Warat, um espaço de alteridade. Encontra-se publicado em seu blog como justa homenagem pela passagem de seu aniversário que aconteceu no dia 30/10/2009. O texto está escrito em português e em uma nova linguagem patafísica: o portunhol portenho. Assim, inxiste compromisso na poesia de uma correta ortografia do espanhol. Os sons falam mais que as palavras...
Este texto foi lido durante o último Café Filosófico, sintetizando os pensamentos dos que ali se faziam presentes. A pedido de Luis, publicamos primeiro no seu blog como forma de alegrá-lo, agora colocamos também na Cátedra para que seu conteúdo seja conhecido também aqui. Porém, é necessário agradecer à Leopoldo Fidyka que com seu carinho, gentilmente cedeu suas lindas fotos de Buenos Aires para adornar o texto que se encontra originalmente publicado no seguinte endereço eletrônico:
http://luisalbertowarat.blogspot.com/2009/10/para-luis-en-su-aniversario-i.html


" Una conposicion a los Cafés Filosóficos Waratianos em Buenos Aires.
Buenos Aires inspira poesia.
A diversidade de sua arquitetura,
os olhares diferenciados de sua gente,
as aparências singulares...
Somos tentados à representar
os sentimentos
que nos provocam
em palavras que teimam em brotar.


Uma narrativa descritiva carnavalizada.
Uma tentativa alucinada
de aproximar a emoção do objeto,
a razão do conhecimento
que só é possivel ao sentidos.
O som das falas das pessoas
nos lembram melodias repletas de sensualidade.

Ai que cambiar las possibilitas... ai que tener sentido
pero no és possible, acá, reproduzir lo qie si siente...
El ardor que rompe la piel.
El sentido del desconocido, del inesplorado
La seducion del estraño.
El sorriso del niño... de la tica...
El amor, el enamoramiento del outro,
el encantamiento de no's mismos.

Pero, a my parece que las palabras son intangíveis...
insolúveis... impossibles de seren conjugadas, acá, en otro idioma
Conpor en "portunhol portenho"... és la unica possibilitad
conpor la singularidad de la comunicacion
dos qi ablam de modos diferentes,
el habitante e el estrangero,
el estrangero e el habitante,
pero qie sin receos
si enpenhan in la conprension mútua.

Un processo de reconocimiento de la alteridad...
en q las diferenças son el actrativo del diálogo
i la comunicacion és el objeto
encantando ih seduzindo a no's otros
conpundo la poesia de la diversidad...

Una conposicion mágica...
onde ai un bruxo, un mago, un encantamiento entre el
emitente i el emissor.
Una prosa poética
capaz del aproximar los desconecidos
avançar adelante de las possibilidads recionales
de la efectividade de las relaciones de afetividad.

Una poesia del imaginário, del desejo
conposta por sinbolos noevos,
sem pretencion del acierto
conjugados para acer la ponte para noestros sonhos
inimagináveis.

Nosso desconocido intangíble.
Una construcion qie nos facilita
otra possibilidad de representacion simbólica
del encoentro con el otro.
Una nueva arquitetura de la diversidad."



Andréa Wollmann - 28/10/2009 -

Buenos Aires (0:30 da manhã)




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